O medo e seus filhos. E algumas anotações sobre dores e remédios.
Entre todos dessa família apavorante, o qual eu mais tenho dificuldade de lidar e o que mais tem domínio sobre mim é a ansiedade.
O medo é um dos sentimentos que eu menos gosto. Ele é irracional e inerente ao ser. Por mais consciente que possamos ser sobre seu funcionamento como mecanismo de sobrevivência da nossa espécie, dificilmente conseguimos escapar-lhe.
Não se engane, todas as pessoas corajosas sentem medo. O motivo de considerarmos algumas pessoas destemidas é a ilusão gostosa de acreditar que elas estão livres de sentirem-se imobilizadas pela própria mente. Elas sentem, mas vão assim mesmo, abraçam o medo e enganam a si mesmas determinadamente. Passam a perna no próprio cérebro. Contudo, no fundo, elas têm medo de perderem esse controle, ou que percebam o medo escondido de algo que elas não conseguem maquiar. Pois quando percebem, a armadura fica mais pesada e pode cair. Mesmo que a armadura caia, não devemos diminuir suas proezas. Apenas lembrar que ninguém está livre do medo.
O medo é também genérico, cabem muitos outros sentimentos dentro de si. São muitos seus filhos espalhados e nem sempre os associamos. A vergonha, a vulnerabilidade, o constrangimento, a inibição, a preocupação, a insegurança, a perda, o cansaço, a desconexão, o desapontamento, a desmotivação… Sentir-se oprimido, intimidado ou a síndrome de impostor. São todos filhos do medo.
Entre todos dessa família apavorante, o qual eu mais tenho dificuldade de lidar e o que mais tem, infelizmente, domínio sobre mim é a ansiedade.
A ansiedade me paralisa. Minha armadura pode ser a mais refinada possível. Por vezes, pode carregar material extra de proteção e ser lapidada pela vontade dos anjos. Ainda assim, em algum momento, a ansiedade vai conseguir penetrá-la, vai enfraquecer cada milímetro de seu corpo e tremer por toda sua extensão. Às vezes vai derrubar de vez o metal e expor minha fragilidade. Às vezes vai se fixar e tornar o peso a ser carregado maior, apenas para me lembrar que continua por perto.
Sozinho, eu não dou conta de limpar essa sujeira. É preciso ajuda, é preciso força externa. Somente com os cuidados certos a caminhada prossegue num ritmo e velocidade constante.
Acho que muito do que sofro e tenho dificuldade de lidar em relação a escrever também está ligado a ansiedade. E por ser a escrita uma atividade tão solitária, ainda não compreendi como manter uma equipe de segurança por perto. Espero que esse projeto me ajude a encontrar a força que eu não tenho estando sozinho, escrevendo sozinho.
Por mais consciência que eu possa ter em relação ao seu funcionamento, em relação ao medo, não é como se eu pudesse apertar um interruptor aqui dentro que desligasse meus sentimentos. Mas quero acreditar que aqui é um caminho em que poderei passar a perna em meu próprio cérebro e aparentar mais coragem, não só para quem acompanhar a caminhada como para mim mesmo.
Mudando o tom de voz…
Dores e remédios - como contornar minhas dificuldades com a escrita
Na última publicação, expus meus pensamentos em relação às dificuldades que sinto para escrever. Me debrucei sobre elas e fiz algumas anotações. Minha ideia para a publicação de hoje era ser objetivo, focar nas dificuldades e quais poderiam ser as resoluções.
Contudo, minha cabeça não funciona como eu gostaria. Mesmo que eu tenha um plano sobre o que escrever e do que acho importante para meus próximos passos, fui paralisado pela ansiedade nos últimos dias. Muito do que eu gostaria de ter feito - não só em relação a escrever - caiu por terra.
É por isso que, no momento, não prometerei uma frequência alta de publicações. Se eu atingir 2 posts por mês já estarei satisfeito. Ao menos, parece ser um bom começo. Lendo o processo de escrita de outros autores aqui no Substack, entendi que nada dará certo se eu não tiver um processo que funcione para mim primeiramente. E eu não tenho ideia se estou perto de ter um processo que funcione para mim.
(olha só que legal esses pitacos de algumas escritoras digitais onde eu cheguei a conclusão que tô fodid…
Digo isso não só pela ansiedade que pode tomar minha cabeça e impedir que eu funcione como gostaria, mas por conta do momento de vida em que eu me encontro: totalmente perdido.
Não tenho lugar fixo, me movimento muito, não sou assalariado e vivo na linha tênue entre perfis e visões de mundo contraditórias. Adoraria que meu processo pudesse se adequar a isso. Embora eu não duvide que meu próprio estilo de vida inconstante e sobretudo instável (e esse último não por vontade própria) alimente minha ansiedade e vice-versa. Vai saber. Aposto que se eu não tivesse que me preocupar com questões financeiras e oriundas a decadência social minha ansiedade daria uma bela trégua.
Enfim, espero que a publicação de hoje sirva para tirar de você, querido leitor, qualquer pensamento possível que seja de encontrar aqui um periódico claro, sucinto e repleto de aprendizados que possa ajudá-lo na sua própria jornada. Sei nem se vai ajudar na minha. Mas não vamos perder a fé. A esperança é a última que morre e felizmente a ansiedade não tira a esperança. Quem tira é a depressão e felizmente eu não tô depressivo esse mês, somente ansioso. Aproveitemos. Se eu ficar depressivo, aviso. Ou só sumirei mesmo.
Deos do céu! Abri essa seção para ser direto ao ponto, após ter desabafado sobre a ansiedade. E 6 parágrafos depois ainda estou divagando. Perdão, não desista de mim. Por favor.
Enfim, separei 4 principais dificuldades que tenho: consistência, motivação, saúde mental (ah, jura?) e excesso de informação.
Adoraria discorrer sobre elas nesse momento. Inclusive o planejamento inicial para esse post era justamente falar a respeito delas. Mas não é o que acontecerá — não porque eu quero ser um cuzão e mais porque eu não tenho nada escrito ainda e tudo que está escrito nessa publicação de hoje veio depois de muita briga com a ansiedade (como acredito que tenha ficado claro). Espero que fiquem satisfeitos com essas anotações que fiz:
Consistência
Motivação
Saúde Mental
Excesso de Informação no século XXI
Se tudo der certo (leia: se minha cabeça deixar), nas próximas semanas dividirei meus pensamentos sobre esses pontos e, caso você também sofra com alguma dessas dificuldades, espero que lhe seja útil.
Falando em sofrer… Se você escreve e tem ansiedade, me conta seu segredo para não enfiar o lápis na testa?